terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Missa de envio ao Seminário - Marcus Buanery

Irmãos:

É com imensa alegria que partilhamos a notícia de que o membro de nossa comunidade, Marcus Buanery, ingressará no seminário no 24 de fevereiro, para atender o chamado de Deus em sua vida.
Marcus, ao aceitar o convite feito por Deus, escolheu seguir o exemplo de São Francisco de Assis, que renunciou a família, qualquer tipo de honra, status, bens materiais, para viver uma vida religiosa no meio dos pobres.  Segundo o futuro seminarista, há uma frase que o inspira bastante: "Senhor, se Tú estás nos pobres eu irei busca-los".

A formação de Marcus divide-se em três etapas: formação franciscana, 3 anos em clausura confinados no convento, filosofia, 4 anos, e teologia, 4 anos, sendo que cada etapa será em lugares diferentes. No final da primeira etapa, ele receberá o título de Frade, ou, como é chamado popularmente, Frei que é o mesmo que irmão.
Que Deus abençoe a linda escolha feita por Marcus e por todos os jovens vocacionados. Que eles possam ser sempre fiéis e obedientes ao chamado, e que Deus ilumine os passos de cada um em direção ao maior propósito desta caminhada: Jesus.
Desejamos que a escolha de Marcus seja um exemplo para os jovens de nossa comunidade. Que assim como Marcus, eles possam estar atentos e abertos ao chamado de Deus.

Estaremos todos rezando por sua vocação.

A missa de envio ao seminário será dia 03/02/12, às 18h, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Parque Columbia.  

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Trezena em honra a São Sebastião

A partir do próximo sábado, 7 de janeiro, a imagem de São Sebastião — Padroeiro da Arquidiocese e do Rio de Janeiro — estará peregrinando por muitos bairros durante a trezena em honra ao “Jovem discípulo de Jesus Cristo”, cuja a memória é celebrada no dia 20 de janeiro.

Serão 13 dias de festa, durante os quais o Arcebispo Dom Orani João Tempesta recordará a história da Arquidiocese e do padroeiro, levando a imagem peregrina em visita a diversas comunidades — muitas, inclusive, que têm seus nomes dedicados ao Santo —, a mosteiros, veículos de comunicação, hospitais e órgãos públicos. O Padroeiro receberá a oração dos fiéis da Arquidiocese para que interceda por todas as necessidades do Rio de Janeiro e do seu povo, estando próximo especialmente dos marginalizados e da juventude.

Conheça a programação* e participe:

1º DIA - 7 DE JANEIRO - SABADO
09h00 – RIO CELEBRA: Paróquia Santos Anjos, Leblon
12h00 - Santuário Cristo Redentor : Angelus
14h00 - Paróquia S. Judas Tadeu – Cosme Velho
18h30 - Paróquia Na Sa da Boa Viagem – Rocinha – VIGÍLIA

2º DIA - 8 DE JANEIRO – DOMINGO
08h00 - Missa na TV Brasil – Dom Orani
10h00 - Santuário da Penha – Missa de inauguração da Capela Sagrado Coração de Jesus e Ângelus.
15h00 – Visita a paróquia São Sebastião - Olaria
17h30 – Visita ao Carmelo de Santa Teresa – VIGÍLIA

3º DIA - 9 DE JANEIRO - SEGUNDA-FEIRA
07h00 - Missa no Carmelo de Santa Teresa
09h00 - Visita ao Inca e depois Hospital Souza Aguiar
15h30 – Visita à capela da Chácara do Céu
18h00 – Visita à capela do Turano

4º DIA - 10 DE JANEIRO – TERÇA-FEIRA
07h30 - Deslocamento marítimo para homenagem aos mortos portugueses, índios e franceses. Praia do Flamengo.
10h00 – Visita à sede da Polícia Federal
11h30 – Visita à sede da Secretaria de Segurança
14h30 - Visita ao QG da PMERJ

5º DIA - 11 DE JANEIRO - QUARTA-FEIRA
09h30 – Visita ao Hospital Central do Exército
12h00 - Homenagem no BURACO DO LUME
16h00 - Visita à capela São Sebastião, N S do Rosário e Sant’Ana – Del Castilho
18h00 - Visita à paróquia S. Sebastião – Bento Ribeiro

6º DIA - 12 DE JANEIRO - QUINTA-FEIRA
08h30 – Visita ao presídio de jovens, em Bangu
14h30 - Visita à sede da Prefeitura – Cidade Nova e visita ao Centro de Operações (mini – procissão)
17h00 - Visita ao Mosteiro de Nossa Senhora da Ajuda, em Vila Isabel - VIGÍLIA
18h00 – Missa no Mosteiro

7º DIA - 13 DE JANEIRO - SEXTA-FEIRA
10h00 – Jornal O Globo
11h30 – Sistema Globo de Rádio
16h00 - Capela São Sebastião – Madureira
18h00 - Paróquia São Sebastião – Quintino
20h00 –Vigília da Juventude na Paróquia de Sant’Ana, Praça Onze – VIGÍLIA

8º DIA - 14 DE JANEIRO – SÁBADO
09h00 - Missa (Rio Celebra) Paróquia S. Sebastião e Santa Cecília, Praça da Fé em Bangu
Diversas paróquias, capelas e outros locais a serem visitados
10h30 – Paróquia S. Sebastião e Santa Cecília, em Bangu
19h30 - Cidade do Samba: Av. Rodrigues Alves, em frente ao Armazém 11 - Cais do Porto – PARADA INTERNA
FINAL: Paróquia de Sant’Ana – Rua de Sant’ Ana- Praça Onze – VIGÍLIA

9º DIA - 15 DE JANEIRO – DOMINGO
08h00 - Capela São Sebastião: Rua Junquilhos, 180 – Morro do Salgueiro – Tijuca
10h00 = Missa na paróquia Santa Rita, Largo de Santa Rita
Diversas paróquias, capelas e outros locais a serem visitados
FINAL: Catedral de São Sebastião – Av. República do Chile

10º DIA - 16 DE JANEIRO – SEGUNDA-FEIRA
08h00 - Visita ao Hospital Na Sa da Glória – Tijuca
10h30 – Visita a Rádio Tupi
14h30 – Visita à Vila Mimosa
16h30 - Visita à sede do Governo do Estado
18h30 – Visita ao Mosteiro de São Bento - VIGÍLIA

11º DIA - 17 DE JANEIRO - TERÇA-FEIRA
08h00 –Visita ao Hospital Federal de Bonsucesso
10h30 –Visita ao Instituto de Pediatria do Fundão (Ilha)
11h30 - Paróquia Na Sra do Loreto (Galeão)
14h00 – Visita a diversos locais na Ilha do Governador, incluindo o Hospital da Aeronáuica

12º DIA - 18 DE JANEIRO - QUARTA-FEIRA
10h00– Visita ao jornal O Dia
12h00 - Ângelus na paróquia Bom Jesus, Penha
14h00 - passagem no Complexo do Alemão, Vila Cruzeiro
19h00 – Visita à Capela de S.Sebastião,-Santíssimo

13º DIA - 19 DE JANEIRO - QUINTA-FEIRA
08h00 - Santa Casa da Misericórdia
10h30 - Quartel Central do CBMERJ
14h30 - Casa São Luiz, Caju
15h30 - Capela São Sebastião, Caju
19h00 - Missa de encerramento da Trezena na Paróquia São Sebastião, Tijuca

DIA 20 DE JANEIRO – SEXTA-FEIRA: FESTA DO PADROEIRO
10h00 - Missa na Paróquia S. Sebastião, Tijuca
16h00 - Saída da procissão desta Paróquia para a Catedral
17h00 - Chegada à Catedral: Auto de S. Sebastião, Benção, Missa

* Programação sujeita a alterações

domingo, 1 de janeiro de 2012

Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz - 1º de janeiro de 2012

Educar os jovens para a justiça e a paz 
1. Início de um novo ano, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confi ança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fi que marcado concretamente pela justiça e a paz. 
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor "mais do que a sentinela pela aurora" (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. 
Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista. 
Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: "Educar os jovens para a justiça e a paz", convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo. 
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, econômica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos. 
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança. Na hora atual, muitos são os aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário. 
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver "coisas novas" (Is 42, 9; 48, 6). 

Os responsáveis da educação
2. A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latina educere– significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.
E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. A família é célula originária da sociedade. « É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro ». Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.
Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. Assegurem às famílias que os seus filhos não terão um caminho formativo em contraste com a sua consciência e os seus princípios religiosos.
Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.
Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito--dever de educar. Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. Atuem de modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas consideradas mais idôneas para o bem dos seus filhos. Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência.
Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para o bem de todos. Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dos media para que prestem a sua contribuição educativa. Na sociedade atual, os meios de comunicação de massa têm uma função particular: não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de fato, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.

Educar para a verdade e a liberdade
3. Santo Agostinho perguntava-se: "Quid enim fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja o homem mais intensamente do que a verdade?". O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De fato, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence.
Por isso, a fim de educar para a verdade, é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: « Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o fi lho do homem para com ele Vos preocupardes? » (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem?
O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade – não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida –, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, o fato de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa.
Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que « o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões », incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele econômico ou social, individual ou coletivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; não é o absolutismo do eu. Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. De fato, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à ação educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”.
Dentro de um horizonte relativista como este, não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade, mais cedo ou mais tarde cada pessoa está, de fato, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem, da validez do seu compromisso para construir com os outros algo em comum ». Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal.
No íntimo da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado. Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, que tem caráter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.
Assim o reto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.

Educar para a justiça
4. No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça. De fato, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.
Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios econômicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora « a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo ».
"Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados" (Mt 5, 6). Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.

Educar para a paz
5. « A paz não é só ausência de guerra, nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade ». A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n’Ele, na sua Cruz, Deus reconciliou consigo o mundo e destruiu as barreiras que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n’Ele, há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser ativos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos.
« Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus » – diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9). A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios e obrigue a caminhar contracorrente.

Levantar os olhos para Deus
6. Perante o árduo desafio de percorrer os caminhos da justiça e da paz, podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: « Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio? » (Sal 121, 1). A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (…), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ».
O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).
Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação. Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas reflexões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz ».

Vaticano, 8 de dezembro de 2011


Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=284630

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