sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher: se chegou à liberdade?

Em 8 de março se celebra o Dia Internacional da Mulher. Marco histórico de 1917, que teve origem com as justas manifestações russas por melhores condições de vida e trabalho, a data foi, ao longo do tempo, abarcando outras necessidades femininas, como o direito ao voto e à liberdade de expressão. Embora o registro destaque merecidamente as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, que tanto desejavam ser livres – no mais amplo sentido, também engloba ideais feministas e de caráter apenas festivo e comercial. Cabe refletir: os passos dados tornaram a mulher verdadeiramente livre? Qual é a liberdade que se busca? 

Quem é a mulher atual? Aquela que tem jornada dupla, dividindo seu horário entre as tarefas da casa, a atenção à famíilia, o estudo e o trabalho? Em meio às muitas exigências da vida cotidiana, a mulher consegue tempo para refletir sobre o seu ser e, enfim, ser ela mesma, com espaço para os seus sonhos e projetos autênticos? 

A sociedade contemporânea tem, agora, foco na mulher, que pôde se tornar profissional e conquistar o mercado de trabalho. Mas não é dela que se exige enquadramento nos padrões, para estar inserida de modo competitivo e profissional? E o que acontece com a mãe trabalhadora: no seu ambiente organizacional, seja formal ou informal, ela é acolhida e respeitada no seu papel de mãe — aquela que precisa estar presente em momentos-chaves da vida dos filhos? Ela é verdadeiramente livre para escolher, junto do seu marido, o melhor momento para uma gravidez ou quantos filhos deseja ter, por exemplo, sem precisar se preocupar com as implicações para a carreira? 

E a sensualidade estética exigida socialmente, que nutre na mulher o desejo pelo corpo saudável, sim, mas principalmente bonito e bem torneado? Magreza é mesmo sinônimo de beleza e gestações deformam o corpo? As academias é que revigoram o dia a dia e não mais o convívio com a família? 

Será que existe alguma pressão para que a mulher esteja sempre na moda? Roupas justas, saltos altos e cabelos longos e lisos são mesmo pré-requisitos para uma mulher de sucesso? O que é o tão almejado sucesso, afinal? 

Abrir mão de umas boas gargalhadas junto com os filhos e o marido, ao final do dia, porque é preciso assistir os programas jornalísticos, para estar atualizada, ou estar navegando na internet e fuçando as redes sociais, para não perder os contatos importantes, é o que mais vale a pena mesmo? 

A liberdade sonhada talvez tenha gerado outras prisões... E não se trata de um apelo à volta do tradicionalismo, não. Mas, no entanto, é preciso descobrir que o valor da mulher está naquilo que ela é e não naquilo que ela faz ou tem... Está na realização de si mesma sem desconsiderar a sua missão, que, ao contrário do que às vezes se faz acreditar, não despreza os seus sonhos e anseios mais íntimos.

Felizmente há ainda quem acredite que a verdadeira libertação da mulher está em não ignorar ou passar por cima do papel insubstituível que ela possui na família, que tem reflexos na organização social e cultural de um povo. É notável esta aplicabilidade evangélica: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32), pois é fato que quando a mulher se descobre como tal, no verdadeiro sentido, passa a se valorizar como um recurso humano de enorme riqueza social. Ela não mais se dobra integralmente à correnteza das exigências do mundo atual. Ela entende que a doação de si mesma em tudo o que faz e a todos que participam do seu existir é misteriosamente auxílio a Deus na construção de uma nova humanidade. É caminho para a construção da civilização do amor.

Como bem afirma a Carta Apostólica de João Paulo II, “Mulieris Dignitatem”, de 15 de agosto de 1988, “a força moral da mulher, a sua força espiritual une-se à consciência de que Deus lhe confia de uma maneira especial o homem, o ser humano. Naturalmente, Deus confia todo homem a todos e a cada um. Todavia, este ato de confiar refere-se de modo especial à mulher, precisamente pelo fato de sua feminilidade - e isso decide particularmente a sua vocação (...). A mulher não pode se encontrar a si mesma senão doando amor aos outros (...)”.

Por Nice Affonso, editora do Portal da Arquidiocese.

Fonte: http://www.arqrio.org/formacao/detalhes/43/dia-internacional-da-mulher-se-chegou-a-liberdade

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